Nuno Barros // Engenheiro

O QUEM SABE de hoje é com o Engº. Nuno Barros, um engenheiro com o qual tenho trabalhado nas certificações energéticas e pelo qual tenho muita estima.

Deixo aqui os contactos do Nuno para se precisarem de certificar a vossa casa, ele é 5 estrelas! 😉

Consegues resumir o teu percurso profissional?

A minha formação inicial acabou em 1998, e desde então tenho trabalhado para aquilo que estudei e que gosto. De início num pequeno gabinete de projeto em Lisboa e depois passei para um gabinete com dimensão maior. Este gabinete tinha uma organização exímia e trouxe esta organização para o resto da minha vida profissional.

Quando já não podia evoluir mais, mudei de rumo e fui fazer obra. Fui diretor de obra de uma subempreitada na Remodelação do Estádio Municipal de Leiria.

Por uma questão de oportunidade, por alguém que gostava do meu trabalho, fui fazer a ampliação e remodelação do Hotel das Termas na Curia.

O desafio surgiu após uma chamada de um amigo, que me sugeriu para ser o responsável pela fase poente do Golden Club em Cabanas de Tavira.

Como achava que não poderia evoluir mais, abri atividade em 2009 e fui ser empresário em nome individual. Fiz fiscalizações, direções técnicas, projetos e muitas certificações energéticas.

Em Outubro de 2012 tive uma breve experiência em Angola e felizmente foi breve!

Ao regressar cimentei a minha posição como Perito Qualificado, tendo sido a principal atividade, desde então.

De alguns clientes de Certificação fiz algumas obras de remodelação, construção, etc.

Há quanto trabalhas na certificação energética?

Enquanto estava no Algarve tomei conhecimento da alteração da Lei da Térmica e inscrevi-me num curso para ser PQ (Perito Qualificado), desde o início do novo sistema.

O sistema de certificação energética iniciou-se em Janeiro de 2009 e eu iniciei em Fevereiro de 2009.

O que sentes que mudou nos últimos anos, para além de se ter tornado obrigatório fazer a certificação para a transação de um imóvel?

As Leis da Engenharia, em Portugal, surgem de necessidades e de problemas reais que nos são colocados.

Quando o sistema de certificação energética entrou em vigor em Portugal, entrou apenas nas vendas. Só em Dezembro de 2013 passou a ser obrigatório em todas as transações (arrendamentos incluídos).

Passamos de um papel necessário para uma escritura, para a preocupação (ainda que ligeira) pela classe energética.

E quando os proprietários tiverem a perceção que a classificação energética é algo que lhes sai do bolso o impacto será ainda maior.

Também sou da opinião que algumas construções novas ainda são mal executadas e que vão ser a próxima evolução. Não em termos de legislação, porque já existe, mas em termos de fiscalização.

Da tua experiência, e focando-nos mais no concelho de Lisboa, se pudesses fazer uma média dos certificados que já emitiste, qual seria a letra mais atribuída?

Em Dezembro de 2013, fomos atrás de algumas diretivas do centro e norte da Europa e a classificação geral das habitações desceu e muito.

Esta situação foi retificada em Janeiro de 2016 e na minha opinião é a mais correta.

A classificação energética varia em função de um conjunto muito grande de condições. Diria que para um apartamento existente com um esquentador corrente seria mais comum um “C”.

O que é uma casa com uma eficiência energética TOP? E em contraste, o que não devemos ter que nos possa atribuir uma péssima certificação?

A melhor classificação energética que se pode ser é “A+”. Esta classificação será obtida numa fração com bons isolamentos térmicos e muita energia renovável.

Quando uma fração é nova (construída após a entrada do SCE), a classificação mínima é “B-“. Se esta classificação foi obtida à custa de bons isolamentos térmicos, esta casa será muito confortável e económica o resto da vida.

No caso de frações existentes (construídas até à entrada do SCE), conta em primeiro lugar a envolvente* e depois a suposta qualidade da mesma. Ou seja, uma moradia terá sempre uma envolvente muito maior que um apartamento. Se um apartamento tiver paredes com 22cm de espessura e uma moradia tiver paredes com 35cm, a moradia terá melhor classificação energética.

*envolvente – o conjunto de elementos de construção do edifício ou fração, compreendendo as paredes, pavimentos, coberturas e vãos, que separam o espaço interior útil do ambiente exterior, dos edifícios ou frações adjacentes, dos espaços não úteis e do solo. Por outras palavras tudo o que nos protege do exterior, dos espaços não aquecidos e do chão.

Existem melhorias simples que possamos fazer numa casa para melhorar a certificação? Quais sugeres?

As melhorias serão sempre estudadas caso a caso no respetivo certificado energético. E essas serão as melhores medidas para aquela fração. As medidas que sugiro sempre são:

– Energia gratuita! ou energia renovável – Chega ao planeta terra por dia a energia que gastamos num ano;

– Isolamento em coberturas. Se a sua casa está sob um desvão de cobertura (sótão) isole-a com uma quantidade generosa de isolamento térmico – As maiores trocas de calor dão-se na vertical;

– Proteções solares. Aquela janela que apanha muito sol durante todo o dia, e que é insuportável durante o Verão. Coloque uma proteção solar de preferência pelo exterior;

– Esquentadores mais eficientes. Gastam menos de metade da energia;

– Chuveiros de classe A ou A+. Esta é a medida mais fácil de fazer em casa. Numa qualquer loja de materiais de construção compre chuveiros de eficiência (comprovada / com selo) A ou A+.

Neste mercado das certificações, para ti, o que seria para…

Lock (bloquear): Más soluções térmicas em remodelações recentes.

Unlock (desbloquear): Usufruir da minha qualidade como técnico para obter a maior quantidade de informação possível. 🙂

 

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